O mercado imobiliário bateu recordes em 2024. Isso em um momento de aumento das taxas de juros. Para 2025, a previsão é um pouco diferente. A demanda continua, mas os efeitos da alta dos juros chegarão com mais força esse ano, e vão afetar principalmente quem deseja adquirir um imóvel de médio padrão – que não se enquadra no Minha Casa Minha Vida, mas não é um imóvel de luxo. É o público que em geral busca um financiamento imobiliário e já tem visto o crédito ficar mais escasso.
Mercado imobiliário bateu recorde em 2024. O crédito imobiliário totalizou R$ 312 bilhões no país no ano passado. É o maior montante da série histórica, superando o ano de 2021, quando foram concedidos R$ 255 bilhões em crédito imobiliário. Os dados são da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Os segmentos de baixa renda e luxo foram os principais motores desse crescimento. O mercado foi puxado pelo Minha Casa Minha Vida, que teve crescimento de 60% em São Paulo. “As extremidades são o porto seguro do mercado. Temos dois ciclos: de um lado os programas sociais e do outro o mercado de luxo que necessita menos de crédito”, diz Coriolano Lacerda, gerente de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo OLX.
O que esperar em 2025?
Perspectiva para 2025 é de desaceleração, em especial para classe média. “Esse mercado de média e alta renda vai sofrer ante o cenário anterior. Não tem projeção de recessão, mas de desaceleração. Isso torna as perspectivas mais incertas e é possível que as pessoas adiem a decisão de comprar um imóvel”, diz Castelo.
Ainda assim, a demanda continua e é influenciada por mudança de prioridades pós-pandemia. Segundo Lacerda, da OLX, as vendas no segmento de médio padrão têm sido influenciadas pela busca por mais espaço após a pandemia.
Maior restrição de crédito
Comprador pode ter que se adaptar, mas ainda conseguirá crédito. Ainda que a demanda continue existindo, o comprador pode ter que se adaptar às condições de crédito. “Em um ambiente mais desafiador, o banco fica mais exigente. Então, a família que estava no limite do crédito pode ter uma dificuldade maior, pode ser que consiga menos crédito. E aí, ou se adapta, compra um imóvel menor, ou pode esperar um pouco”, diz Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP.
Ainda que mais altas, taxas do financiamento imobiliário são mais resistentes à Selic. As taxas de juros do financiamento imobiliário estão na casa dos 11%, segundo o Secovi. Portanto, abaixo da Selic, que hoje está em 13,25%. A previsão é que elas possam chegar a 12% em 2025, o que não se distancia do histórico das taxas do setor.
Consórcio tem sido buscado por quem quer fugir dos juros. Em 2024, o consórcio de imóveis cresceu 27%. Diferente do financiamento, a modalidade não cobra juros, mas sim uma taxa de administração do consórcio. “No cenário atual, de juros mais elevados, há uma restrição maior do crédito. As pessoas então buscam a alternativa do consórcio, que deve continuar crescendo”, diz Guilherme Carrasco, vice-presidente executivo da administradora de consórcios Ademicon.